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Comercialização coletiva, ética e solidária

A comercialização representa um dos grandes entraves para a agricultura familiar, impondo o desafio de se buscar mecanismos e dinâmicas que favoreçam novas relações de produção e consumo onde prevaleçam a ética e a solidariedade, rompendo com a lógica concentradora e excludente do mercado convencional.

Acreditamos que o mercado é uma construção social, produto de relações sociais e da correlação de forças estabelecidas entre os diversos atores envolvidos. Desta forma, não existe um único mercado, mas distintos mercados, que se organizam segundo as relações e os agentes que os estruturam a partir do contexto e da realidade dos distintos territórios e regiões.

A Cooperafloresta vem traçando seu caminho buscando um mercado alternativo para os produtos agroecológicos e agroflorestais, democratizando o acesso dos mesmos e popularizando o seu consumo através de uma ação deliberada voltada para a população de baixa renda, em contraposição à perspectiva da elitização pelos nichos de mercado. Assim, ao longo de sua trajetória, vem construindo novas formas de distribuição e circulação da sua produção, através de dinâmicas que aproximam as famílias agricultoras e os consumidores, promovendo o consumo consciente e responsável, e relações justas e solidárias nas parcerias comerciais.

  Assim, a Cooperafloresta vem desconstruindo a visão de que não é possível comercializar fora do grande varejo monopolizado e verticalizado, de que é utopia pensar em mercados que não sigam a lógica da competição e da exploração. Privilegiando as formas diretas nos mercados locais e regionais, promove o consumo consciente e responsável, entendendo-o como uma vertente de ação política, aliando o interesse das pessoas em se alimentar melhor à compreensão de que estão contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e para a conservação dos recursos naturais.

 

Os Canais de Comercialização

Atualmente a Cooperafloresta consegue escoar coletivamente a produção de suas 75 famílias agricultoras e quilombolas através de vários canais de comercialização – Feiras Ecológicas, Mercado institucional (Programa de Aquisição da Agricultura Familiar e Alimentação Escolar), Circuito Sul de Comercialização da Rede Ecovida de Agroecologia, Pequeno varejo de Curitiba, Grupo de compras coletivas,  Restaurantes, Comercializadoras, vendas pela internet, etc. 

Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Rede Ecovida de Agroecologia,

A garantia da qualidade ecológica da produção agroflorestal da Cooperafloresta é certificada através do Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Rede Ecovida de Agroecologia, reconhecido pelo Ministério da Agricultura. O SPG é um sistema solidário de geração de credibilidade, onde a elaboração e a verificação das normas de produção ecológica são realizadas com a participação efetiva de agricultores e consumidores, buscando o aperfeiçoamento constante e o respeito às características de cada realidade.
 

 “Você está levando comida e não veneno para qualquer cidadão do mundo.. .você está levando comida e não droga.. .mesmo que não seja uma fruta muito bonita como os agrotóxicos fazem....mas você vai comer sabendo que é um alimento saudável... a nossa produção temos orgulho de levar pra mesa... é produzido pelo mesmo ambiente que constrói a terra fértil.” (Ditão, agricultor quilombola do Grupo Cedro, Barra do Turvo/SP)

Agroindústria

A Cooperafloresta vive um momento crucial, pois precisa equacionar

o desafio de comercializar os volumes crescentes da produção

agroflorestal, em decorrência do aumento do número de famílias,

da área e da produtividade das agroflorestas. Daí a necessidade de

estruturação da sua agroindústria para evitar perdas nos períodos de

safra e para agregar valor à grande diversidade de produtos dos

sistemas agroflorestais. Nos municípios em que atua envolvidos não

existe estrutura que viabilize o processamento dos produtos

agroflorestais e a sua certificação como ecológico, o que obrigou a

Cooperafloresta a estruturar a sua própria agroindústria.

Neste sentido, tem conseguido parcerias, obtendo um prédio em comodato de 25 anos com a Prefeitura de Barra do Turvo onde funcionará a sua estrutura física, que está em fase final de  adequação às exigências sanitárias e legais. suficientes para viabilizar todas as necessidades recorrentes da complexidade de se estruturar o processamento de mais de  Cabe ressaltar o caráter inovador desta proposta, pois prevê o processamento de uma grande diversidade produtos agroflorestais certificados com a qualidade ecológica, muitos nativos da Mata Atlântica. São mais de 30 produtos agroflorestais, a maioria deles sem similar no mercado. Aliado a isso, há o fato deste empreendimento ser gestionado por uma Associação composta por famílias agricultoras e quilombolas, cuja produção já se aproxima de 1.000 ton/ano, sendo mais de 80% comercializada coletivamente.

 

Atividades a serem desenvolvidas pela agroindústria:

1) Processamento mínimo: os produtos serão lavados, sanitizados, descascados e picados de diferentes formas, sendo embalados à vácuo ou outras formas tecnicamente recomendadas e posteriormente refrigerados, apresentando-se prontos ou semi-prontos para o consumo. Nesta linha deverão ter destaque entre outros, palmito, mandioca, vagem, milho abóbora, inhame, cará e couve.
2) Polpa de frutas diversas congeladas em processo de duração inferior a 3 horas e embaladas em saquinhos de 100 gramas e embalagens maiores visando seu posterior processamento como sorvete ou venda para mercados institucionais como a merenda escolar e o PAA. Nesta linha deverão se destacar entre outras frutas como juçara, goiaba, banana, caqui, jaca, mexerica mimosa, cajá manga, cajá, acerola, graviola, fruta do conde, jabuticaba, abacate, carambola, cabeludinha, pitanga, uvaia, mamão além de milho verde.  
3) Sorbets ecológicos (sorvetes sem leite e gordura, feitos a partir de polpa de frutas). 
4) Picolés, feitos a partir das polpas descritas na Linha 2.
5) Frutas e vegetais desidratados. Nesta linha deverão ter destaque entre outras, diversas variedades de banana como a nanica, prata e pão, além da goiaba, mamão, jaca, mexerica mimosa, caqui, gengibre e açafrão.
6) Doces e geleias. Nesta linha deverão ter destaque a bananada sem açúcar, a goiabada e as geleias de frutas como banana, goiaba, caqui, mexerica mimosa, limão rosa, cajá, jabuticaba, pitanga e uvaia. 

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